Vamos Acumulando algumas cicatrizes no corpo e na alma, enquanto vivemos. Algumas no corpo se misturam com as nossas formas e desaparecem, outras se mantêm quase imperceptíveis, outras mais visíveis, mas sem lembranças que nos remetam às suas causas.
As dores causadas por sentimentos mal resolvidos têm que ser curadas na alma. Se não curadas devidamente, são as que mais doem e acabam nos levando a lembranças passadas, que tanto nos esforçamos para esquecer. A alma é resistente em fechar de vez feridas de sentimentos mal cuidados e, em determinadas situações, sentimos a dor voltar forte em nós, embaladas pelas lembranças que o tempo se nega a apagar e a alma sabe bem alojar essa dor, como um ente que não quer deixar partir.
O fato é que tentamos nos esquecer dos tombos que a vida nos dá para seguir em frente, tentamos minimizar dissabores, perdas, abusos, tudo que resulta em tristezas. Conseguimos, até certo ponto, encarar nossas cicatrizes como aprendizado, mas nem de tudo nos livramos totalmente, apesar de as dores cessarem por um certo tempo.
Convivemos com duas linhas de tempo, uma que tenta apagar as más lembranças e a outra que as traz de volta, fazendo com que elas doam de novo em nós. São chagas falsamente cicatrizadas e prontas para doer a cada lembrança, passando como filmes antigos, em preto e branco. É como se essas cicatrizes fossem marcas disfarçadas nas lembranças e guardadas na alma para nos dizer de tempo em tempo que a ferida não fechou totalmente e que o coração ainda se ressente.
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