É sempre muito  difícil  conduzir a educação dos filhos.  Há tantas coisas envolvidas nesse processo, além da nossa vontade de acertar e do  sentimento que passamos enquanto educamos; a educação começa em casa, mas não termina em casa. Ela vai se estendendo e sendo posta à prova por onde os filhos passam, na escola com professores e colegas, no playground com  vizinhos, nas brincadeiras de ruas,  nos condomínios ou em comunidades.

As dificuldades dos pais, independentemente de classes sociais, são as mesmas. Não conseguem  ensinar,  passar conceitos e trabalhá-los sem interferência. A dificuldade maior  é a falta de tempo para se dedicar mais, estar mais presente no dia a dia dos filhos, já que pais trabalham, não só o pai, como no passado. Quando estão com os filhos, o sentimento muitas vezes fala mais alto que a razão, para compensar ausências constantes  e falta  bom  senso na hora de julgar e muita dificuldade de dizer não.  Sem estabelecer limites não conseguirão elevar a educação ao padrão desejável que  o futuro  cobrará,  pois filhos não são para os pais, são para o mundo, que não os poupará como os  pais muitas vezes o fazem.  

Os pais amam incondicionalmente e muitos se perdem na formação dos filhos, quando não seguem um padrão de comportamento, que vai mudando conforme o humor, a paciência, o tempo e o despreparo para lidar com eles. Eles crescem e aparecem, como diz o ditado. É preciso muito diálogo, observar suas ações  para lhes dar suporte, interagir, encaminhá-los em todos os estágios pelos quais passarão até que possam seguir por eles mesmos.  Seguirão bem  se tiverem conteúdo e rumo, com os pais mantendo o mesmo padrão de conduta, evitando dar respostas diferentes para uma mesma pergunta, para que fique claro o que é possível e o que não é. Dizer Não num dia e Sim no outro demonstra somente a falta de critério dos pais que ora liberam e ora proíbem uma mesma coisa.
O filhos precisam reconhecer que os pais têm esse controle e, no fundo, eles querem carinho com disciplina, querem se sentir controlados. Eles testam os pais em diversas situações, para ver se esses se mantêm firmes ou se vão ceder porque estão sem paciência ou cansados, ou envolvidos com outras coisas. O fato é que o filhos percebem isso e sabem muito bem reconhecer, com o tempo, os pais que têm. Há diversos tipos de pais; os que adotam o carinho e o limite e são especiais  (estão em extinção), os que não se impõem e deixam os filhos agirem sem controle e depois tentam corrigir; há os que garantem o carinho e nenhum limite e  há os que garantem a disciplina e nenhum carinho. Há também os totalmente ausentes,  somente preocupados em presentear, achando que  presentes. Carinho não tem preço e nenhum bem material substituirá integralmente o convívio necessário, as conversas, as histórias que se deve ler ou contar a eles.  Nem só de internet e tablet vivem os filhos, principalmente em idades impróprias.
Se prestarmos atenção, há um período em que alguns  filhos, ainda pequenos, pressionar e exigem além do que lhes é permitido,  testam os pais a todo momento, pedindo, chorando, gritando e chantageando emocionalmente . Só com  atitude firme os pais  têm o controle do próprio estado emocional e também do estado emocional dos filhos. Os que não conseguem  ensinar durante a infância, não estando atentos para corrigir e dizer o porquê,  e mesmo quando presentes, deixam  os filhos à deriva, serão cobrados pelos filhos quando a adolescência chegar. Eles  procurarão outros ouvidos para contar seus segredos, suas aventuras.  Os pais perdem seus filhos para aqueles que conseguem chegar mais perto deles. E alguns dos que chegam, estão como eles, também perdidos. Só restarão aos pais contar com o tempo e com a sorte.
 Se os pais não conseguirem encaminhá-los mostrando  que são passageiros na vida deles e que eles precisam crescer, buscar os próprios caminhos e prestar contas dos seus atos, não terão paz durante a juventude e maturidade deles. Terão filhos dependentes, que não se ajustarão facilmente ao mundo real, porque a vida impõe limites que eles não aceitarão, porque os desconhecem.

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Ceiça Monteiro

Ceiça Monteiro - Acredito na força do pensamento e no poder das palavras, que precisam ser positivas para que nos tornemos mais iluminados.

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