Depois dos 50 anos, não devemos mais viver nos preocupando com opiniões que não pedimos. Aliás, em nenhuma idade devemos, muito menos depois dos 50. Não podemos nos preocupar com pessoas de mentalidade engessada, sempre prontas a interferir negativamente e que tendem a nos incomodar. Temos que levar em conta que o dever de casa já foi feito por mais de meio século, o que nos obrigou muitas vezes a abrir mão de realizações pessoais em favor da carreira, da família e de outras obrigações, que demandaram muitas regras para seguir, muitas lições para aprender e também para ensinar. O que realmente importa agora é aproveitar esse glorioso tempo grisalho, essa maior idade, muito maior do que gostaríamos e por isso muitas vezes não assumida com prazer, já que a juventude se vai e gostaríamos que fosse eterna.
O fato é que quando chegamos aos trinta, já começamos a nos imaginar mais a frente com boa condição financeira, namorando, formando família e em pleno progresso. E assim vamos pensando sempre à frente, no futuro do futuro do futuro, vivendo o presente em paralelo, mas sem estar nele totalmente, porque ele não realiza ainda os nossos sonhos, já que nos tornamos meio inflexíveis ao presente e só queremos viver mesmo no futuro; a ideia da morte também não nos assusta muito, pois pouco pensamos nela, que não se encaixa em nenhum tempo.
Quando nos sentimos prontos para o viver o presente, já nos vendo dentro dele, estamos mesmo é na faixa dos 40 aos 50. Então nos vemos caminhando nessa maior idade chamada maturidade e só nos resta assumir a passagem do tempo em nós e aproveitar a vida o mais intensamente possível, já que não há mais tanto tempo para plantar, mas se já plantamos, é hora de colher e celebrar. Também devemos nos perdoar por alguma muda que não vingou, principalmente se fizemos tudo como devia ser feito. Estamos aqui para ganhar e perder e a maturidade nos dá mais sabedoria para lidar com as perdas e nos confere especial prazer para contemplar as vitórias, mais valorizadas quando estamos mais velhos.
O passar do tempo não nos deixa só mais velhos, ele também nos faz mais sábios e nos traz muito mais do que imaginamos para tirarmos proveito da vida nas retas e além das curvas; às vezes nem sequer nos damos conta que essas curvas podem ter novos atalhos com possibilidades mais coerentes com o nosso tempo e a nossa possibilidade dentro dele. Portanto, vale muito a pena viver a beleza que esse tempo grisalho nos oferece para não pensar em nada que não seja viver o que temos nas mãos, pois a partir dos 50, podemos dizer, de certa forma, que já chegamos ao nosso futuro, e não vale guardar energias e alegrias para viver amanhã, porque nosso amanhã é reduzido a cada dia, já que não temos mais vinte e poucos anos.
Enquanto estivermos por aqui, e esperamos que demore muito, continuaremos a cruzar as linhas do tempo, agora já sem muito compromisso pesado e mais diversão, procurando desvendar novos caminhos e viver nossas emoções, pois a cada dia que vivemos é menos um, é um dia que morremos. Por isso, precisamos aproveitar os minutos diários sem muitos dilemas, sem muitos senões, sorrindo mais e sofrendo menos, para que possamos apreciar a vida em todas as suas estações, enquanto nossos então vivos olhos distinguirem esse movimento.
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